
era uma linha azul
que perdia as mãos
numa areia
húmida e uterina
e os olhos muravam-na.
era uma linha azul.
os dedos enterravam-se
no horizonte quente,
e era bom.
era uma linha azul,
um azul voador,
viajante por ele adentro,
largando a poeira dos dedos
que para trás,
estendidos, secavam.
aquela linha era azul,
fazia sentido,
as outras, não se sabe,
nunca ninguém lá
enterrou os dedos.
Foto e Texto: Ricardo Fernandes