18 outubro 2006


 Ritual                                                            À Zezita

Para ti inventei
Este ritual.
Sem sangue, sem aras,
Nem mesmo sacrifícios
Propiciatórios.

Para ti inventei um fruto,
Um rito,
Com coração vermelho,
Que divido contigo aos bagos.

Para ti inventei um alfabeto
Sumarento, doce,
Que tem tantas letras
Quanto as que quisermos
e forma sílabas infinitamente.

Para nós inventei
Este tempo, assim parado.
Sem ninguém,
Só nós, o alfabeto,
o ritual e a romã.




Ilustração: Graça Morais in Pedro Lembrando Inês (Nuno judíce); Texto: Ricardo Fernandes.

3 Comments:

Blogger Alberto Oliveira said...

O poema do Ricardo casa muito bem com o trabalho da Graça. Ele há rituais que dão agradáveis frutos; como a romã...

26 outubro, 2006 21:04  
Blogger Ricardo said...

Obrigado pelo teu comentário Legível.

27 outubro, 2006 17:50  
Blogger rach. said...

Então é isso que está na romã: letras que formam palavras doces e sumarentas...Ao ler-te fui invadida por uma paz e ternura que há muito não experimentava, a frieza que tu me conheces emocionou-se. Para ti gostaria de inventar a palavra perfeita... por isso dou-te o silêncio.
Baci, amigo

29 outubro, 2006 18:31  

Enviar um comentário

<< Home