28 outubro 2006



era uma linha azul
que perdia as mãos
numa areia
húmida e uterina

e os olhos muravam-na.

era uma linha azul.
os dedos enterravam-se
no horizonte quente,
e era bom.

era uma linha azul,
um azul voador,
viajante por ele adentro,
largando a poeira dos dedos
que para trás,
estendidos, secavam.

aquela linha era azul,
fazia sentido,
as outras, não se sabe,
nunca ninguém lá
enterrou os dedos.




Foto e Texto: Ricardo Fernandes

7 Comments:

Blogger rach. said...

Era só p´ra te dizer que a tua linha azul enterrou de tal modo as mãos, não sei bem onde, que não se consegue ler niente, rien, nickles.
Por acaso até conheço os versitos
Beijufas

29 outubro, 2006 20:29  
Blogger Alberto Oliveira said...

Tive mais sorte que a Rach; também me aconteceu o mesmo hoje de manhã, mas a minha teimosia levou a melhor. Afinal era simples: devido à humidade um dos caixilhos da janela estava ligeiramente emperrado. Com os dedos dei-lhe um toque e... as linhas azuis do céu iluminaram o poema. Todo.

31 outubro, 2006 15:59  
Blogger rach. said...

ò sr Legivel, não sabia que também era serralheiro nas horas vagas...


Migo, esta tua linha azul é tão "merdinhas" que sempre que a leio me apetece enterrar os dedos "no horizonte quente", de caffezar por aí e por acolá...até alcançar a tonalidade serta de azul :-)
Beijufas

01 novembro, 2006 22:06  
Blogger rach. said...

corrector ortográfico entra em acção...
certa em vez de serta :-)

01 novembro, 2006 22:10  
Blogger Ricardo said...

Obrigado Legível pela ajuda no desemperramento da marquise do meu blog... Rach, ou melhor, miga, apesar de não ser azul cobalto, é o que se arranja... Beijos

01 novembro, 2006 23:05  
Blogger Alberto Oliveira said...

Rach:
(aliás, ó sra. Rach)

É uma das minhas habilidades. A outra é a pintura de céus. Se o céu está assim a modos que para o cinzento vou lá (se me telefonarem, claro... )e pinto-o de azul.

..........................

Ricardo:

Não tem de quê. A primeira intervenção é de borla. A segunda vez é a doer. Anexo um catálogo de intervenções diversas; da cirurgia plástica à remoção de telhados de vidro. Os custos já incluem o IVA e uma garrafa de gin para adormecer o cliente...

01 novembro, 2006 23:27  
Blogger Ricardo said...

Legível, a garrafa de gin é bastante tentadora, estás contratado... Quanto ao telhado de vidro, por enquanto fico com ele, faz-me sentir mais humano.

04 novembro, 2006 01:28  

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